Erro de tradução
Ou simplesmente uma questão de competência geopolítica? Assistindo a um documentário na TV eu percebi um erro de cálculo muito importante. Ou seria apenas um erro de tradução?
O caso é o seguinte: Quantas vidas tem um gato? A resposta poderia ser simples e direta, sete vidas. Mas as coisas não são bem assim. Nos Estados Unidos, e em alguns países de língua inglesa, um gato tem nove. Isso mesmo, nine lives.
Agora imagine que você, Leitor, tenha um bichano por estimação. E para fins de esclarecimento do nosso exercício dialético, suponha que ele já esteja na sua sétima, e última, vida. Como saber, não é mesmo? Digamos que você receba uma proposta de trabalho e tenha que morar nos EUA e acaba levando o gato com você. Seu animalzinho, então, passa a ter mais duas vidas de bônus?
Ou a situação contrária: Você mora nos EUA e tem de vir ao Brasil. Se o seu gato já está na oitava vida, ao desembarcar no Brasil o seu bichano estaria ainda vivo? Ou já estaria ele devendo um vida da vida futura? Um gato morto aqui no Brasil, se transportado a tempo, voltaria à vida ao chegar a algum país de língua inglesa? Vocês também percebem a gravidade da situação?
Seria prudente não transportar os gatos internacionalmente? Os gatos americanos têm nove vidas em qualquer lugar do mundo? Nos hotéis de animais que existem hoje em dia, deveria se cobrar mais por gatos que possuem mais vidas do que outros?
Ou tudo isso deve ser apenas mais uma questão de “sorte” e a diferença de gestão entre países de língua inglesa e o Brasil, como saneamento básico, transporte público, educação e estradas melhores? Bom, cada um com seus problemas.
Vejo esse assunto de diferenças e igualdades nas relações felinas internacionais com grande importância. Esse problema deveria ser levado ao Congresso e ser sanado o quanto antes. Isso pode causar incidentes diplomáticos seríssimos!
Outra coisa é passarinho. Aqui no Brasil, quando alguém está feliz sem motivo aparente, logo dizemos que a pessoa “está com cara de quem viu passarinho verde”. Nunca entendi a expressão. Na casa de um amigo tinha um papagaio verdinho, e ninguém ficava feliz só por ver o bicho.
Já nos EUA o passarinho da felicidade tem outra cor. É verdade. A expressão equivalente à nossa é The blue bird of happiness. Porque nos Estados Unidos a felicidade, ou o passarinho, é azul? Ah, se fosse tão simples! Em alguns países de clima mais frio, como na Escandinávia, a cor amarela é associada ao sentimento de alegria. Então, para um sueco, o passarinho da felicidade seria um canário-da-terra?
Que instituição determina a cor da felicidade nos diversos países?
Diante de tantas perguntas, aparentemente, sem resposta, opto por peixes ou cachorros como animais de estimação. Esses têm sempre o mesmo número de vidas e cores, como qualquer outro da sua espécie, e em qualquer lugar do mundo.
por Alberto Lacerda