29 de agosto de 2024

Um nome especial

Mesmo que eu dissesse a você, leitor, que aqui nesta crônica há um nome, um nome que está escondido no meio das palavras, você seria capaz de descobrir? E caso descobrisse, seria capaz de guardar esse segredo? Nada terrível, fique tranquilo. Só fiz questão de esconder, bem no meio do texto, uma palavra especial. Só isso. Porém, é tão especial que tem a propriedade de tirar do eixo aquele que o pronuncia.

Viu só que intrigante? Aposto que já está curioso, buscando entre uma letra e outra, qualquer pista que possa revelar esse nome. Para aumentar o mistério, esse nome é algo sagrado que descobri há quase vinte anos, veja você! Por quase vinte anos escuto a mesma música, a mesma letra, a mesma melodia. E só não mudei a faixa porque a vida acabou entrando no meio.

Agora pense comigo, leitor. O que seria tão especial a ponto de apertar o peito, de te tirar o fôlego, de balançar estruturas de grandes cidadelas e fortalezas? Que título é esse que é tão forte a ponto de durar todo esse tempo sem perder nem um pouco de seu encanto?

Imaginou alguma coisa? Tem alguma noção do que possa ser? Consegue, ao menos, ter ideia do quanto esse nome teria de ser repetido, suspirado, sonhado para que pudesse serenar um coração? Ah, leitor, se pudesses imaginar...

Razões não me faltam para dizer tal palavra. E caso soubesse, você falaria também. Impossível conhecer tal termo e não querer pronunciá-lo. Gritar aos quatros cantos e repetir a quem quisesse escutar. Mas por outro lado, se eu o dissesse, poderia estragar a surpresa de sua descoberta. O combinado é que fique velado, pontual, importante, entende? Mas que seja sempre assim, presente, ainda que não esteja ao lado o tempo todo.

Lembrar apenas não adianta. Saiba que esse nome tem que ser vivido, sussurrado ao pé do ouvido, sentido na pele. E ao dizê-lo, se o sabor do vinho ainda estiver nos lábios, muito melhor. Mas se ainda estiver com dificuldade de vislumbrar a resposta, posso ajudar mais uma vez.

Imagine, então, uma janela. Dessas que te mostram o mundo, sabe? Que ao abrir, você sente o ar fresco inundando seus pulmões. E você respira. E respira. E com o ar renovado você sente vontade de cantar. E aí você canta. Você canta e sorri. E a vida se torna mais colorida.

Alguma ideia? Já consegue me dizer que nome é esse que é tão caro a quem o conhece?  Um elemento que depois de proferido, transforma o mundo, invade sonhos e nos põe leves! Se, por hora, não souber, tudo bem. Não tem problema. Que o tempo há de pôr em teu caminho um verbete equivalente. Algo que, traduzido, soe parecido. Mas saiba que não será a mesma coisa. Jamais será a mesma coisa. 

Não se desespere, leitor. Que o desespero só afasta aquilo que queremos mais próximo. Para conhecer esse termo você precisa sonhar com tempos passados e desejar, sem pressa, o porvir. Nem sempre é fácil, eu sei. Mas à menor possibilidade de expressá-lo, a vida ganha outro brilho.

Começa como algo pequeno, sutil, como um olhar tímido ou um sorriso no canto da boca. E a cada pequeno detalhe, a cada gesto simples, a cada sussurro que esse nome traz consigo, vai crescendo e crescendo até se tornar algo muito maior do que as coisas comuns. 

Ainda não conseguiu descobrir? Mesmo depois de tudo isso que expus? Mesmo depois de tanto tempo, de tanto dizer?! Acredito que você gostaria de saber, de dizer, de vislumbrar, essa magia que uma vez conheci e que hoje não deixo de chamar esse nome que me vem à cabeça, vez ou outra, e bagunça a razão.

Assim termino essa crônica. Caso você ainda não tenha adivinhado, que pena. Quem sabe um dia possa descobrir. Enquanto isso vou embora, sonhando com ideias de tempos outros. Até.

 

por Alberto Lacerda