Carancho, de Rodrigo Tavares
Nascido em Bagé, no Rio Grande do Sul, Rodrigo Tavares é autor dos romances Andarilhos e Ainda Que A Terra Se Abra; da novela Noite Escura; e dos contos A tropeada e Contos Sangrentos. Seu último livro, Carancho, o consolida ainda mais como um dos principais escritores da literatura contemporânea brasileira.
Carancho é um romance histórico que tem como pano de fundo a mais sangrenta guerra civil já vista em território brasileiro: a Revolução Federalista, ocorrida entre 1893 e 1895, pouco tempo depois de ter sido proclamada a república no país. A Guerra das Degolas, como ficou popularmente conhecida, deixou milhares de mortos, tanto do lado dos revolucionários, conhecidos como maragatos, como dos pica-paus, como eram chamados os combatentes do governo de Júlio de Castilhos, presidente do Estado do Rio Grande do Sul na época.
O romance é narrado por uma personagem póstuma: Brida, esposa de Tarcísio – que acaba lutando pelo lado dos revolucionários -, assassinada logo no início da narrativa. A morte de Brida desperta em seu marido um sentimento de vingança, e acompanhamos, desde o início, sua trajetória em busca do objetivo que estabelece. À medida que os fatos históricos reais se desenrolam, o autor insere uma trama e os personagens fictícios, resultando, assim, em um romance repleto de amor, morte, poder, política, armas e guerra.
Uma das maiores sacadas do romance é a introdução de pitadas do fantástico. Brida, que tudo narra, também é parte integrante de alguns acontecimentos marcantes na trama, seja tentando se comunicar com seu marido, ou utilizando de seres naturais para se inserir na guerra.
Nota-se, desde início, que a obra demandou um estudo profundo e minucioso sobre os fatos que se desencadearam no período posto. Tavares, natural de Bagé, contou, de forma literária, uma das maiores guerras que a história do Brasil já vivenciou. Além disso, o autor imprime um momento da história de seus antepassados, importante para que não se apague da memória e que nenhum tipo de barbárie venha ocorrer novamente.
"O carancho voava alto, em círculos. O animal observava o campo de batalha. Tarcísio via o bicho e avaliava seu instinto de sobrevivência. (...) Ser livre devia ser bom. Mas os homens nunca são livres, têm chefe, dono, família, têm a honra para cuidar.” (p. 98).
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