Eu cresci escutando a história de Sansão e seus feitos para salvar o povo que estava nas mãos dos inimigos filisteus. Escutei por muito tempo sobre sua força para derrotar leões, capturar raposas, lutar contra feras selvagens e contra milhares de inimigos de uma vez só. Cresci ouvindo que era o escolhido de Deus. Só depois é que despertou em mim o desejo de compreender mais esse personagem bíblico que sempre esteve presente em meu imaginário.

Certo dia me deparo com o livro escrito por David Grossman, e sua sinopse me transportava justamente para um caminho que eu queria compreender com mais afinco: a natureza humana de Sansão, mesmo sendo desde o ventre "O escolhido".

Na obra, o autor esmiuça principalmente os capítulos 13, 14, 15 e 16 do livro de Juízes, trazendo com uma delicadeza seu ponto de vista sobre o personagem, ao mesmo tempo que lança ao leitor questionamentos extremamente reflexivos. Ele destrincha desde as aparições do anjo para a mãe de Sansão, até o seu sepultamento. Na narrativa, os detalhes não são deixados de lado, e o autor discute cada um deles de forma que traz paralelos com o povo, com o divino, com a contemporaneidade.

A nós é apresentado o Sansão em seu íntimo. Um homem que, talvez, era cheio de conflitos, estranhezas e indagações, os quais, de alguma maneira, levaram Sansão ao distanciamento com o divino, embora Deus não o tenha abandonado (até porque a promessa deveria ser cumprida). Ao mesmo tempo, os pais de Sansão são trazidos como figuras importantes que influenciaram, de alguma forma, a vida do filho.

É um livro para quem quer se aprofundar sobre o Sansão mais humano; para quem quer questionar e tentar criar diferentes formas de compreendê-lo.

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