Meus dias com os Kopp, de Xita Rubert
Caótico, filosófico, impactante, constrangedor: eis alguns adjetivos de muitos outros que poderiam descrever a obra da catalã Xita Rubert. Com uma escrita única, que prende o leitor a cada parágrafo, a autora consegue criar cenas e diálogos capazes de despertar muitas interrogações sobre o comportamento, a ética, o absurdo, a banalidade do ser humano.
Virginia – 17 anos de idade - viaja rumo ao Norte da Espanha com seu pai, Juan, para se encontrarem com a família Kopp. Na ocasião, o professor Andrew Kopp irá receber uma premiação dos reis da Espanha, e esse evento servirá, também, para o reencontro de uma amizade de longos anos. É exatamente sobre alguns dias com os Kopp que a narradora vai conversar – isso mesmo - com o leitor.
Logo no início sabemos que Virgínia, narradora do romance, escreve direta e precisamente para Sonya (ao longo do romance, muitos trechos são destinados diretamente a ela), esposa de Andrew Kopp, uma figura a qual ela compartilha admiração e rejeição – aliás, essa incompatibilidade é uma das características da garota. Sonya e Andrew, integrantes da alta sociedade inglesa, são pais de Bertrand, um homem que apresenta, talvez, uma deficiência mental, e que é definido como um artista renomado e premiado.
Um dos principais pontos destacados na obra é a hipocrisia que impera na sociedade adulta. Virgínia analisa e critica o fato de as pessoas dissimularem tais práticas ou eventos, como o caso dos Kopp e até mesmo de seu pai. No que diz respeito ao Bertrand, a narradora possui uma espécie de pena, visto que, ao mesmo tempo em que ele poderia ser inserido em uma sociedade, não é, pois os pais obrigam que ele finja ser algo que não condiz com ele, o afastando ainda mais de uma sociabilização.
Outro destaque é a relação que Virgínia possui com seu pai. Ela compartilha com ele emoções, reflexões, pensamentos, momentos. Chega a ser algo muito curioso, visto que poucas vezes ela fala de sua mãe (gostaria de saber um pouco mais sobre essa família. Aqui, somos destinados mais ao que acontece com os Kopp, nos deixando imaginar em como é a relação em sua própria família, ou lugar/espaço).
Xita é, sem sombra de dúvidas, uma das principais vozes femininas do mundo contemporâneo. A habilidade que ela possui para criar situações cotidianas que parecem banais, mas que são profundas se analisarmos com um olhar mais apurado, é única. Fica aqui a recomendação dessa obra.