Quando tudo começa
Sempre que se vira o ano eu sempre me lembro que no Brasil tudo só começa depois do Carnaval. O que é uma tristeza, convenhamos. Porque parece que ninguém tem conta pra pagar, principalmente nesse momento em que vivemos, nesse caos, em meio a mais uma tentativa de golpe outras coisas mais. No caso, Lula, Dino e demais começaram a trabalhar bem cedo. Ainda bem! Em meio a isso, minha mente não me deixa esquecer que nesse mês querido de janeiro teremos aumentos de mais de 10% nos papéis, sejam eles para capa ou para miolo dos livros. Estamos fadados ainda nos próximos anos a esses aumentos abusivos e quase abruptos? Enquanto editor de livros também, continuo sem saber até quando vamos conseguir imprimir os livros. Se antes pedíamos que a gráfica parcelasse em duas ou três vezes, vamos ter que começar a tentar, não sei como isso será possível, a pedir que o parcelamento aumente. Talvez as gráficas agora, assim como as grandes redes varejistas de roupas criem cartões, onde será possível, devido à fidelidade, parcelar em seis ou oito vezes. E, talvez, você, depois da impressão de X livros poderá ter um financiamento para impressão dos seus livros a um juros mínimo.
É melhor sempre tentar falar asneiras pra gente rir do que chorar, não é mesmo?
Fico pensando se aqui no Brasil fizéssemos, em conjunto, pelo menos as independentes, uma parada pensada. Imaginem, na última década, dezenas de editoras, que movimentam, sim, algum dinheiro, poderiam combinar uma parada, talvez pra depois do Carnaval, já que é só aí que algo começa a funcionar, e não lançar livros. As gráficas sentiriam a nossa falta? Aos leitores e às leitoras faria falta os nossos lançamentos? Os jornais, que dizem nos dar um grande espaço notariam que teríamos parado? Será? Eu não sei... Tenho até medo de realmente pensar e levar a frente essa ideia porque vai que ninguém, além daquelas pessoas que realmente nos acompanham fielmente, nota que resolvemos nos unir (algo quase impossível nesse meio). O mercado sentiria falta dessa bibliodiversidade de que tanto fala, mas que quase nada defende?
Enfim...
Talvez começar um conto curto a partir dessa ideia seja algo que eu queira deixar aqui pra você, escritor ou escritora, nos trazer no futuro e publicarmos aqui no site. Talvez seja apenas uma pequena provocação, nesse início de ano, que começa com esse editorial em atraso. Talvez eu só não soubesse o que falar e quis dizer parte do que ando pensando há tempos e que não sai da minha cabeça... Espero que em 2023, façamos falta, que as pequenas continuem forçando o mercado e o público a nos enxergar. Eu sei, eu sei, você vai dizer que já nos enxergaram, mas você sabe... os piores cegos...
Pois bem. Vivamos 2023. Leiamos. Esperemos que o Livro realmente esteja no centro das discussões (ou de uma ao menos).
Um abraço,