Curiosidades que irão te fazer ler O homem Rabiscado
O homem rabiscado, de Serge Lehman e Frederik Peeters, é um conto de fadas sombrio que explora o limite do fantástico, lendas, psicogeografia e diversas outras referências. Todos os elementos foram pensados pelos autores para provocar no leitor a tensão característica de um bom thriller. O resultado é uma graphic novel instigante, com cenas de arrepiar os fios dos braços e personagens marcantes.
Para Frederik Peeters a escolha da paleta preto e branco era óbvia para O homem rabiscado, principalmente pelo período em que se passa a história. Em entrevista ao portal francês Télérama, Peeters explicou que dezembro é um período chuvoso na França, com dias mais escuros, por isso fazia sentido utilizar cores mais escuras. Porém, o autor reforça que outras referências também permearam sua escolha.
“Quisemos marcar o parentesco com o expressionismo alemão, a atmosfera de mistério, o jogo de sombras...Também procuramos artifícios possíveis para provocar no leitor a sensação de estar no limiar, não no fim do mundo, mas de uma perturbação”, contou Frederik Peeters
A escolha do período em que a trama foi desenvolvida também não foi por acaso! Ao ser questionado pelo portal Télérama, Serge Lehman explicou os motivos para essa escolha. De acordo com o autor, os dias chuvosos característicos das cenas de O homem rabiscado, como esta em que Betty Couvreur está voltando para casa, foram pensados para demonstrar que o único elemento natural e incontrolável em Paris é a chuva.
“Queríamos brincar com coisas profundas, orgânicas e biológicas. Os elementos, a presença física de chuva, umidade, neblina, frio e depois neve. Nesta história, os contos ainda governam a realidade humana sem que ninguém saiba. A chuva incessante é a primeira manifestação visual dessa teia invisível”, afirmou Serge Lehman
Outro elemento presente em O homem rabiscado é a psicogeografia, termo definido pelo pensador francês Guy Debord, em 1955, para tratar dos efeitos que o ambiente geográfico opera sobre as emoções e o comportamento dos indivíduos. Trazê-los para a trama foi uma solução encontrada por Serge Lehman para não transformá-la em uma ficção científica, ao mesmo tempo em que reforça sua relação com a história de Paris.
“Os psicogeógrafos foram perfeitos, pois exploram em profundidade a história de um lugar, como faz, por exemplo, Alan Moore em seu último romance, Jerusalém. Tentam enriquecer a percepção dos lugares, recuperando a consciência de sua história ou lembrando que já tiveram uma vocação cujo significado foi esquecido”, concluiu Serge Lehman
Um dos elementos mais marcantes nesta história é a lenda do Golem, uma figura mística judaica feita de um material inanimado que pode ganhar vida em um ritual divino. Em O homem rabiscado, a lenda inspirou a criação do personagem chantagista e aterrorizante Max Corbeau, peça chave da misteriosa história das mulheres da família Couvreur.
O mistério da família Couvreur envolve também outras referências místicas, lendas pagãs e histórias da cristianização da Europa. Para descobri-las, leia O homem rabiscado! A graphic novel, traduzida por Bruno Ferreira Castro e Fernando Scheibe, já está disponível.
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