9 de abril de 2022

Curiosidades que irão te fazer ler O homem Rabiscado

O homem rabiscado, de Serge Lehman e Frederik Peeters, é um conto de fadas sombrio que explora o limite do fantástico, lendas, psicogeografia e diversas outras referências. Todos os elementos foram pensados pelos autores para provocar no leitor a tensão característica de um bom thriller. O resultado é uma graphic novel instigante, com cenas de arrepiar os fios dos braços e personagens marcantes.

Tudo em preto e branco

Para Frederik Peeters a escolha da paleta preto e branco era óbvia para O homem rabiscado, principalmente pelo período em que se passa a história. Em entrevista ao portal francês Télérama, Peeters explicou que dezembro é um período chuvoso na França, com dias mais escuros, por isso fazia sentido utilizar cores mais escuras. Porém, o autor reforça que outras referências também permearam sua escolha.

“Quisemos marcar o parentesco com o expressionismo alemão, a atmosfera de mistério, o jogo de sombras...Também procuramos artifícios possíveis para provocar no leitor a sensação de estar no limiar, não no fim do mundo, mas de uma perturbação”, contou Frederik Peeters

Dias chuvosos em Paris

A escolha do período em que a trama foi desenvolvida também não foi por acaso! Ao ser questionado pelo portal TéléramaSerge Lehman explicou os motivos para essa escolha. De acordo com o autor, os dias chuvosos característicos das cenas de O homem rabiscado, como esta em que Betty Couvreur está voltando para casa, foram pensados para demonstrar que o único elemento natural e incontrolável em Paris é a chuva.

“Queríamos brincar com coisas profundas, orgânicas e biológicas. Os elementos, a presença física de chuva, umidade, neblina, frio e depois neve. Nesta história, os contos ainda governam a realidade humana sem que ninguém saiba. A chuva incessante é a primeira manifestação visual dessa teia invisível”, afirmou Serge Lehman

Psicogeografia

Outro elemento presente em O homem rabiscado é a psicogeografia, termo definido pelo pensador francês Guy Debord, em 1955, para tratar dos efeitos que o ambiente geográfico opera sobre as emoções e o comportamento dos indivíduos. Trazê-los para a trama foi uma solução encontrada por Serge Lehman para não transformá-la em uma ficção científica, ao mesmo tempo em que reforça sua relação com a história de Paris.

“Os psicogeógrafos foram perfeitos, pois exploram em profundidade a história de um lugar, como faz, por exemplo, Alan Moore em seu último romance, Jerusalém. Tentam enriquecer a percepção dos lugares, recuperando a consciência de sua história ou lembrando que já tiveram uma vocação cujo significado foi esquecido”, concluiu Serge Lehman

A lenda do Golem

Um dos elementos mais marcantes nesta história é a lenda do Golem, uma figura mística judaica feita de um material inanimado que pode ganhar vida em um ritual divino. Em O homem rabiscado, a lenda inspirou a criação do personagem chantagista e aterrorizante Max Corbeau, peça chave da misteriosa história das mulheres da família Couvreur.

O mistério da família Couvreur envolve também outras referências místicas, lendas pagãs e histórias da cristianização da Europa. Para descobri-las, leia O homem rabiscado! A graphic novel, traduzida por Bruno Ferreira Castro e Fernando Scheibe, já está disponível.

Gostou das curiosidades? Adquira o seu exemplar no site da Nemo, clique aqui.