26 de março de 2022

Lançamentos da Todavia no mês de abril

Neste mês de abril, a Todavia dá as boas-vindas a Werner Herzog, um dos maiores cineastas vivos e autor de O crepúsculo do mundo, um livro hipnótico sobre o soldado japonês que continuou defendendo uma pequena ilha nas Filipinas quase 30 anos após o fim da Segunda Guerra. Eva é o romance que marca a chegada de Nara Vidal, ganhadora do prêmio Oceanos em 2019, à editora. Maternidade é o tema de A filha única, da mexicana Guadalupe Nettel, um romance sobre a família no mundo contemporâneo. Rachel Cusk, autora de uma das mais celebradas trilogias do nosso tempo, retorna com Segunda casaSete anos de escuridão é um tremendo thriller coreano. E Mensagem, uma das maiores e mais celebradas coleções de poemas da língua portuguesa, ganha uma edição caprichada e sob medida para estudantes e interessados em entender o legado de Fernando Pessoa.

O CREPÚSCULO DO MUNDO,
Werner Herzog

A história do soldado que se recusou a acreditar no fim da Segunda Guerra por quase trinta anos.

Sobre o livro
Embrenhados na selva de uma pequena ilha nas Filipinas, o jovem tenente japonês Hiroo Onoda e seus três companheiros de guerrilha “põem-se a caminho pelas décadas que têm pela frente”. Último sobrevivente, e certo de que o fim da guerra não passa de uma mentira do inimigo, Onoda levará quase trinta anos para ser convencido a finalmente se render.

O crepúsculo do mundo é uma história de sobrevivência, de honra, de estoicismo e de um indivíduo confrontando, até os limiares da loucura, as forças destrutivas da civilização e da natureza indiferente. Um prato cheio, portanto, para o diretor de cinema Werner Herzog, que aqui confirma ser um prosador de firmeza e poder sugestivo impressionantes.

Seu relato, baseado em entrevistas que fez pessoalmente, abraça a fluidez imaginativa para tentar reconstituir em minúcias não apenas os fatos, mas também suas implicações estéticas e filosóficas. Os detalhes às vezes soam alucinógenos: um saco de roupas sujas infla com um bolor que parece algodão-doce, um chiclete num tronco de árvore se torna o sinal inequívoco de uma emboscada. Onoda anda de costas para que suas pegadas apontem na direção contrária e despistem o inimigo. No céu, em impressos e transmissões de rádio, sinais do progresso podem lhe parecer incompreensíveis: um satélite artificial passeando entre as estrelas, uma página de jornal tomada de anúncios, um avião que voa sem hélices.

Onoda matou inocentes, tornou-se uma lenda local, foi anistiado pelo governo filipino e recebido como herói no Japão após se entregar. Viveu algum tempo no Brasil e faleceu aos 91 anos, em Tóquio. Herzog não apara as ambiguidades desse extraordinário caso real. Pelo contrário, abre espaço à dúvida, à poesia e ao sonho para nos conduzir até muito além do convencional, ao reino das histórias que resistem em ser decifradas.

O autor
Nascido em 1942, Werner Herzog é um dos cineastas mais aclamados da atualidade. Dirigiu, entre outros, os filmes Fitzcarraldo (1982) e O homem urso (2005).

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SEGUNDA CASA,
Rachel Cusk

O aguardado novo romance da autora da trilogia Esboço.

Sobre o livro
M, escritora de meia-idade e de pouca expressão, está em chamas. É o fogo, pelo menos, uma das imagens a que ela recorre para tentar explicar os acontecimentos que abalaram a vida pacata que leva ao lado do marido na propriedade em que moram, às margens de um pântano. Quem incendiou a rotina familiar foi L, um artista plástico que se hospeda na cabana em que o casal costuma receber artistas — a segunda casa.

M está obcecada por L, e deposita nele expectativas diversas. A relação intrincada dos dois se desenvolve durante essa espécie de residência artística, compartilhada também por Brett, moça que L leva consigo, e pela família de M.

Num relato retrospectivo e por vezes lacunar, M conta episódios da estadia de L no pântano, temperando a narrativa com reflexões e experiências do passado.

Temas caros a Rachel Cusk, como maternidade, arte, relacionamentos amorosos e a vida profissional da mulher reaparecem em Segunda casa. No lugar da observação atenta de Faye, narradora da trilogia que garantiu a Cusk lugar de destaque na prosa contemporânea, vemos neste romance uma mulher se contorcendo com sua subjetividade, lançando faíscas de dúvida sobre si mesma.

A autora
Rachel Cusk nasceu em 1967 e é autora de diversos romances. EsboçoTrânsito e Mérito, publicados pela Todavia, formam uma das trilogias de maior sucesso da literatura recente.

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EVA,
Nara Vidal

Um romance delicado e incômodo sobre mães e filhos, perdas e a busca pela liberdade.

Sobre o livro
Eva tem o diabo no corpo. Segundo corre na família, seu nome atrai maldade e pecado. Desde criança o demônio se manifesta: no jeito que ela anda, no jeito que olha e em tudo que faz. Sua infância é uma sucessão de benzimentos e rezas, sempre na tentativa de expurgar o diabo, que teima em possuí-la. Sob o cerco e o julgamento da avó e da mãe, Eva corre pelas ruas como quer. A saia é curta demais, a blusa marca demais os peitos, a perna aparece demais. Na cidade, acredita-se que em suas veias corre sangue do demônio, o mesmo que vem à memória de Eva quando ela se recorda da mãe, também possuída, bebendo e dançando como se estivesse no cio. A dependência afetiva de Eva pela figura materna controladora manifesta-se como padrão para os relacionamentos abusivos que a narradora vive quando adulta.

Agora a mãe está morta, e Eva se vê diante de um luto, de um casamento fracassado e de um filho ausente. Enquanto observa o ir e vir da floricultura no térreo do prédio onde mora, um de seus poucos contatos com o mundo exterior, passa a limpo a infância e a juventude, e dá pistas da trajetória que a levou até ali, numa voz que alterna delicadeza e vertigem, memória e imaginação. A mulher que decidiu viver segundo a própria régua — e por isso foi socialmente punida — percebe que as forças que a aprisionavam à mãe podem alcançá-la ainda mais longe, nas relações de abuso e nas suas tentativas de fuga.

Situado entre a evocação do passado e o embate com o presente áspero, Eva é um romance magistral sobre a perda, mas também sobre o acúmulo de controle e violência que pode caber na relação entre mães e filhos e entre amantes. Nara Vidal conduz o leitor por um labirinto de espelhos que é uma pequena elegia das descobertas da vida, e um retrato comovente das expectativas, das decisões e dos mistérios que movem a todos.

A autora
Nara Vidal nasceu em Guarani (MG). É autora do romance Sorte ( 3º lugar do prêmio Oceanos) e do livro de contos Mapas para desaparecer (Faria e Silva), entre outros.

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A FILHA ÚNICA,
Guadalupe Nettel

Um romance que oferece um olhar original sobre a família no mundo contemporâneo.

Sobre o livro
A filha única se debruça, de forma profundamente empática, sobre uma das decisões mais importantes do início da vida adulta — ter ou não filhos.

Alina e Laura são mulheres independentes e orientadas para a carreira em seus trinta e poucos anos, nenhuma das quais construiu seu futuro em torno da perspectiva de uma família. Laura tomou a decisão drástica de ser esterilizada, enquanto Alina, com o passar do tempo, se sente atraída pela ideia de se tornar mãe.

Pouco depois de completar oito meses de gravidez, Alina é informada de que sua filha não sobreviverá ao nascimento. Ela e seu parceiro passam então por um doloroso — mas também surpreendente — processo de aceitação e luto. Aquele último mês de gravidez torna-se para eles uma rara oportunidade de conhecer aquela filha a quem têm dificuldade em abrir mão.

Laura, sua grande amiga, envolvida no conflito do casal, reflete sobre o amor e sua lógica por vezes incompreensível, bem como sobre as estratégias que o ser humano inventa para tentar superar a frustração. Ao mesmo tempo, Laura também se vê envolvida na história de sua vizinha Doris, mãe solteira de um menino encantador, porém com alguns problemas de comportamento.

Escrito com uma simplicidade apenas aparente, A filha única é um romance profundo e cheio de sabedoria sobre a maternidade, sobre sua negação ou suposição; sobre as dúvidas, incertezas e até sentimentos de culpa que a cercam; sobre as alegrias e tristezas que a acompanham. É também um romance sobre três mulheres — Laura, Alina e Doris — e os laços de amizade e de amor que se estabelecem entre elas. Um romance sobre as diversas formas que a família pode assumir no mundo de hoje.

Neste romance universalmente celebrado, Guadalupe Nettel explora a ambivalência materna com um toque de cirurgiã, dissecando cuidadosamente as contradições que compõem as experiências vividas pelas mulheres.

A autora
Guadalupe Nettel nasceu em 1973, na Cidade do México. Traduzida para 18 idiomas, é autora de O corpo em que nasciDespués del invierno (Prémio Herralde de Novela), entre outros.

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SETE ANOS DE ESCURIDÃO,
You-jeong Jeong

Da mesma autora de O bom filho, um thriller que retrata as fraquezas e as trevas da alma humana.
O livro
Em 2004, no interior da Coreia do Sul, uma série de eventos catastróficos deixa um rastro de sofrimento, rancor e mistério. O coração da tragédia é a represa Seryong, construída em uma região isolada no sul do país. A primeira vítima na estranha sequência de crimes é uma menina também chamada Seryong, cujo corpo é encontrado nas profundezas das águas represadas. Dias depois, as comportas da represa são abertas à noite, e o vilarejo à beira do lago é destruído. A polícia lança a culpa de todos os crimes numa única pessoa: Choi Hyonsu, chefe de segurança da represa.Hyonsu é um ex-jogador de beisebol que abandonou sua carreira no esporte por causa de uma enigmática enfermidade no braço, a qual o persegue como uma maldição. Após a prisão de Hyonsu, seu filho, Sowon, terá de lidar com os espectros que herdou do pai. Manchado pelo escândalo e renegado pelo resto da família, ele vaga pelo interior do país, acompanhado pelo sr. Ahn — um aspirante a escritor e instrutor de mergulho. Juntos, eles se refugiam numa cidadezinha em uma ilha quase deserta, onde esperam viver em paz e em anonimato.No entanto, há uma invisível força vingadora perseguindo Sowon: alguém segue seu rastro aonde quer que ele vá, submetendo-o a uma punição gradual e incansável e impedindo-o de reconstruir a vida. Quem é esse inimigo secreto que o atormenta há tenebrosos sete anos? E será que os crimes de seu pai aconteceram exatamente como as autoridades afirmam? A verdade, por tanto tempo escamoteada, ressurgirá nas perturbadoras páginas de um manuscrito, que mostra a Sowon a face oculta da tragédia e a chave para resolver as sombras do passado.Sete anos de escuridão é um romance de fragmentos que se interligam e de narrativas que se encaixam umas nas outras — e cujas revelações jazem submersas na confusão fantasmagórica dos enganos e das memórias, como o vilarejo encoberto pelas águas. Retratando com franqueza as debilidades e as trevas da alma humana, You-jeong Jeong também aponta uma fresta de luz onde seus atormentados personagens talvez entrevejam a possibilidade da redenção.A autora
You-jeong Jeong nasceu em 1966, na Coreia do Sul. Publicou quatro romances, entre eles O bom filho (Todavia, 2019). É uma das mais célebres autoras de thrillers de seu país.

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MENSAGEM,

Fernando Pessoa

Este é um livro obrigatório para leitores de poesia e para estudantes do ensino médio.
O livro
Mensagem, pouco antes de ela ser posta à venda no final de 1934 (e que aliás seria seu único livro publicado em vida), a ambição do poeta era nada menos que totalizante: tratava-se de rever, em chave histórica e com altíssima voltagem lírica, o apogeu e a queda do Império português — num diálogo permanente e irônico com o épico Os lusíadas, de Luís Vaz de Camões. Resultado de um projeto laboriosamente arquitetado muitos anos antes, os 44 poemas reunidos neste livro figuram entre as mais altas realizações do nosso idioma. E mais: desfiam uma complexa noção do que seria a “alma portuguesa” diante da História e dos mitos nacionais.Projetado simbolicamente em três partes — “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto” —, Mensagem tem um modo muito próprio de compreender a história portuguesa e seu legado no mundo. Não à toa o título inicialmente planejado fora Portugal, isso décadas antes, quando Pessoa teve a ideia de confrontar a antiga grandeza de sua pátria com a sensação de decadência nacional que percebia em sua própria época.Com pesquisa, edição e estabelecimento de texto a cargo de Jerónimo Pizarro, que figura entre os maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa da atualidade, esta edição de Mensagem promete agradar tanto o leitor amante de poesia quanto o estudante do ensino médio ou da universidade. Traz ainda notas criteriosas e explicativas, além de textos de apoio de Pizarro e da especialista brasileira Ida Alves, destrinchando com clareza e espírito informativo as principais questões formais, históricas, poéticas, culturais e biográficas da obra.Morto apenas um ano depois da publicação de Mensagem, Fernando Pessoa entraria para a história da literatura como um dos mais fascinantes poetas de todos os tempos graças em grande parte à criação de seus heterônimos — sua invenção de poetas absolutamente distintos entre si, com vozes, dicções e visões de mundo particulares. A obra de Fernando Pessoa revisita o passado e segue projetando o futuro da lírica em nosso idioma.O autor
Fernando Pessoa, um dos maiores poetas de língua portuguesa, foi também dramaturgo, ensaísta, tradutor, crítico literário e figura central do modernismo em Portugal.

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