Professor de Harvard, Timothy Leary foi um dos principais nomes da pesquisa sobre psicotrópicos para uso medicinal nos anos 1960

O mundo pós-guerra mudou e, mesmo depois de a humanidade ter superado um de seus piores momentos, por que tanta gente ainda continuava com depressão? Essa foi a motivação de Timothy Leary para desenvolver uma pesquisa sobre os efeitos do LSD no tratamento de doenças mentais. Publicado pela primeira vez no Brasil, A experiência psicodélica detalha seu experimento traçando um paralelo com O livro tibetano dos mortos.

Considerado um dos estudos mais importantes sobre o tema, o trabalho foi desenvolvido num período em que se acreditava nos benefícios das drogas sintéticas para uso medicinal. No auge da ideia, mais de cem estudos foram feitos nesse campo e estima-se que o governo americano tenha gastado mais de 4 milhões de dólares em pesquisas relacionadas a LSD e cogumelos, ambos totalmente legais no país até 1965.

A obra traça um paralelo interessante com O livro tibetano dos mortos, ressaltando a importância dos vivos para a construção de uma sociedade mais justa, gentil e pacífica. Leary acreditava que, se bem orientado, o uso de substâncias alucinógenas permitiria uma conexão com a nossa ancestralidade. Além disso, a obra mostra como foram conduzidas sessões reais usando tais substâncias.

A primeira incursão de Timothy Leary com psilocibina aconteceu no México em 1960. A experiência foi tão avassaladora que ele passou a dedicar suas pesquisas aos possíveis usos dos psicodélicos como um modo de transformação do comportamento e da personalidade. Foi a partir desse evento que Leary se juntou a outros dois psicólogos da Universidade de Harvard e escreveu A experiência psicodélica. Lançado em 1962, o livro é um ensaio pioneiro e um guia para se romper as barreiras da mente por meio da ingestão de alucinógenos, permitindo a expansão da consciência.

Meio século após a década que ficaria marcada como um dos períodos de maior quebra de paradigmas sociocomportamentais do século XX, o uso de psicodélicos ainda é discutido à luz da ciência, mas, na prática, permanece um tabu monumental. Uma reavaliação do uso de alucinógenos precisa levar em conta os aspectos positivos e negativos de seu consumo a curto e longo prazo.

Foi pensando nisso – e com base em uma interpretação única do Livro tibetano dos mortos – que Leary, Metzner e Alpert criaram uma obra que certamente foi usada por milhares de pessoas ao longo dos anos como um ponto de partida para quem, de outra forma, mergulharia em uma viagem alucinógena sem qualquer contextualização.

TIMOTHY LEARY foi escritor, neurocientista e psicólogo. É considerado um dos maiores ícones da contracultura da década de 1960 por seu estudo aprofundado do uso de psicotrópicos para a expansão da consciência.

RALPH METZNER foi professor emérito de psicologia do California Institute for Integral Studies, conhecido por suas décadas de estudo sobre os temas da consciência, uso de psicodélicos, prática de ioga, meditação e xamanismo.

RICHARD ALPERT, também conhecido como Ram Dass, conduziu experimentos controversos com LSD. Considerado um guru seminal, ajudou a popularizar a espiritualidade oriental e a ioga no Ocidente.