Lançado pela editora Nemo, o quadrinho de autoria de três artistas é uma ode à Arte

Francisco Ferreira é um brasileiro que mora em Paris, trabalha no museu do Louvre como faxineiro, responsável pela limpeza do setor da Salle des États onde ficava o quadro mais famoso mundialmente: a Monalisa, de Da Vinci.

Todo dia quando o Museu fecha para as visitas ele cuida da limpeza e curte a companhia das maravilhosas telas, curte um dedo de prosa com cada uma como se fossem sua família, além de se mostrar um desenhista curioso e apaixonado. Mas sua paixão, extrapolava o Museu, ele via arte em tudo, até que certo dia...

Francisco na sua rotina de volta para casa após o expediente no Louvre pega o metrô sempre no mesmo horário e nesse dia, observa uma jovem, com tamanha semelhança a sua tela preferida: a Monalisa.

Daí nota-se que seu amor pelas artes transporta-o para uma visão um tanto quanto surreal para ser verdade. Apaixona-se por aquela jovem com traços idênticos ao de Monalisa, o que o faz a ir em busca dessa paixão que o arrebatou.

Foi preciso que Chico incentivado pelos amigos a ir atrás da jovem e conseguir algum contato com ela. E a partir daí começa sua história de amor.

O amor de Francisco pela arte é tanta que ele sente dificuldades em seu relacionamento com a jovem, pois percebe que não sabe lidar com os mistérios da realidade se comparado com o maior de todos os mistérios da arte, o sorriso enigmático da obra.

Assim no mito de Pigmalião e Galatéia temos uma transferência emotiva e passional do artista pela sua obra que quer torná-la real. A HQ narra um caso de amor que perpassa por obras clássicas da pintura e da história da arte, e reverbera na vida de um grande admirador que a partir do seu convívio com as telas vê beleza e arte por toda parte.

A HQ escrita por 3 quadrinistas brasileiros, Felipe Pan, Olavo Costa e Mariane Gusmão, carrega nos traços e nas páginas duplas um convite à contemplação da arte que fazem como bons artistas. A página 58 é praticamente uma tela de um casal enamorado, os autores não fogem à proposta de criar uma HQ com estilo de uma pintura a ser emoldurada. A mais apaixonante é a página dupla 54 e 55 onde o conjunto dos requadros formam um grande quadro de uma única imagem, retratando a Roda Gigante da Place de la Concorde. Com tantas paisagens que a bela Paris inspira aos artistas, essa foi a escolhida por eles em vez da tradicional Torre Eiffel de Paris, o que considero ser um olhar especial sobre a cidade do amor.

A HQ formato brochura, 111 páginas de miolo todo colorido com um posfácio de Felipe Pan sobre a produção da HQ e um apêndice com explicações de cada detalhe das obras de artes que aparecem na narrativa. Uma verdadeira aula de história da arte.