7 de fevereiro de 2022

Relatos insignificantes de vidas anônimas, de Rosana Vinguenbah

É bastante curioso o adjetivo insignificante ser utilizado em título de um livro cujos contos são de uma grandeza que ultrapassa os limites do que está exposto. No dicionário da língua portuguesa, esse termo é utilizado para designar algo que não tem importância ou valor nenhum; e os relatos dessa obra é totalmente o contrário; é uma história mais considerável do que a outra.

Rosana é uma excelente contadora de histórias, fato que ficou claro no seu livro de estreia, o Sopa de Pedras, e que se confirma com os dez contos que compõem o Relatos Insignificantes de Vidas Anônimas. Os textos são dotados de realismo mágico, com toques, claro, de inúmeras reflexões sobre os mais variados assuntos, como vida, morte, família, companheirismo, tempo, liberdade, dentre outros.

Existem histórias das mais curiosas possíveis, tais como a do menino que é pássaro, do homem que é capaz de encantar as galinhas, da mulher ancestral que luta pela liberdade dos escravos, a de um mundo que a natureza praticamente não existe mais, a do homem que fala com os mortos no caixão, dentre outras. Dentre todas, as que mais me chamaram atenção foram “más companhias”, “o buraco” e “herdeira do tempo”; no entanto, todos os textos são excepcionais, que, no início se apresentam como se nada fosse acontecer, e termina de modo que nos faça refletir profundamente sobre o que foi impresso.

Sem dúvidas, Vinguenbah ganha espaço no cenário contemporâneo brasileiro, e entra no grupo seleto dos ótimos contadores de relatos repletos de realismo mágico. Que venham mais publicações dessa mulher que mora próximo à nascente do Rio São Francisco, e que eu tenho inveja demais disso.

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DICA: Podcast do Lavadeiras do São Francisco. Rosana Vinguenbah e Ivandro Menezes comentam sobre o livro. O podcast está disponível em diversas plataformas.

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Rosana Vinguenbah nasceu em São Paulo e é radicada em Minas Gerais desde a infância. Bióloga, atua como Funcionária Pública Administrativa. Autora do romance Sopa de Pedras (Penalux, 2018), teve um texto selecionado para a coletânea de contos Retratos de uma Vida em Quarentena (Dublinense/Elefante, 2020), e venceu o Concurso Literário Pintura das Palavras, entre mais de mil textos enviados, com o conto “Baixo Augusta”. (Fonte: Site da Caos e Letras).