As armadilhas da misoginia na estrutura histórica da sociedade brasileira

“Rosebud”.

Esta é a primeira palavra da obra-prima de Orson Welles, Cidadão Kane. A partir dela, o diretor, ator, roteirista construiu uma narrativa que recria a vida do personagem central, assim como a vida de todos que estão entrelaçados na mesma trama. Em “O bandolim centenário”, Flávio Saliba Cunha estica os fios da trama além do confinamento temporal: a história das mulheres de uma família atravessa os séculos, sendo transmitida pelas notas, nem sempre ouvidas, de um bandolim.

História e história se confundem: passamos pela escravidão, pelo império, pela república e chegamos ao mundo das pesquisas na internet. A cronologia não importa: é a história de Elisa, leitora das novelas francesas que também formariam e levariam outra personagem, Emma Bovary, ao suicídio, que ressoa em diferentes épocas, na vida de diferentes pessoas e evidencia as armadilhas da misoginia presentes na estrutura histórica da sociedade brasileira.

Sem ser um romance histórico, “O bandolim centenário” é construído de maneira realista; não o realismo da novela psicológica do final do século XIX, que substituiu as novelas românticas, mas o realismo das crônicas familiares, que atravessa gerações e leva consigo o impacto das tradições e heranças impossíveis de serem esquecidas.

“O Bandolim centenário” é a primeira obra de ficção de Flávio Saliba Cunha, colunista dos jornais O Tempo e Domtotal e autor dos livros “O diálogo dos clássicos – divisão do trabalho e modernidade na Sociologia” (C/Arte Editora) e “História e Sociologia” (Autêntica Editora) e terá lançamento pela Quixote+DO no próximo dia 11 de dezembro na Padero Cafeteria.

Venha dedilhar as cordas do tempo.

SERVIÇO

Lançamento O bandolim centenário de Flavio Saliba Cunha

Data: 11/12 (sábado)

Horário: 11h30 às 15h

Local: Padero – Rua Pernambuco, 701 - Funcionários, Belo Horizonte

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Obs. O lançamento será realizado em uma área ampla, coberta e aberta. Recomenda-se o uso de máscara.