21 de outubro de 2021

Flip anuncia quatro novos autores confirmados e detalhes do formato de sua 19ª edição

A Flip confirmou os italianos Stefano Mancuso e Emanuele Coccia, a angolana Djaimilia Pereira e a britânica Elif Shafak como participantes do Programa Principal.

O Programa Principal da Festa acontece de 27 de novembro a 5 de dezembro e será virtual para o público, mas com novidades de formato.

 

Paraty, 21 de outubro de 2021 - A Flip, que terá o Programa Principal de sua 19ª edição este ano acontecendo de 27 de novembro a 5 de dezembro em formato virtual, acaba de anunciar a presença de autores internacionais e novidades relacionadas ao formato e transmissão das mesas deste ano. Foram confirmadas as presenças dos italianos Stefano Mancuso e Emanuele Coccia, da angolana Djaimilia Pereira e da britânica Elif Shafak como participantes das mesas, além do chileno Alejandro Zambra, que já havia sido anunciado há algumas semanas (veja abaixo informações sobre cada autor). A Flip reafirmou também a realização da Festa em formato virtual para o público em geral, com algumas novidades relacionadas às transmissões e videografia. “Não é desejável, diante da imensa tragédia causada pela pandemia, almejar uma volta à normalidade. Mas teremos muitas novidades relacionadas ao território e interatividade com nossos públicos”, afirma Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip.
A indissociável relação entre a Flip e o território de Paraty ganha, no formato virtual, novas alternativas de manifestação. As mesas do programa principal serão exibidas em lugares espalhados por todo o território local e arredores, não apenas no centro histórico. Em cada um desses pontos haverá um moderador dedicado a interagir com o público que lá estiver. Manifestações culturais com personagens de Paraty, registradas no local, serão integradas à Programação Principal da Flip. Estudamos também a possibilidade de transmitir, direto da Mata Atlântica, a participação de um dos autores que compõem o programa principal. Todo esse material será disponível ao público a partir do canal da Flip no YouTube. Em cada uma das mesas, o chat estará aberto para que as pessoas interajam com os autores convidados, com os mediados, e entre si. O público poderá aproveitar as mesas e intervenções videográficas da 19ª Flip de forma virtual, em um momento ainda delicado da pandemia de Covid-19. Tudo em caráter laboratorial e segundo recomendações de infectologistas. Será então uma Flip em defesa da arte, da vegetação que protege o planeta e, sobretudo, da vida em suas múltiplas configurações.

Autores confirmados

Confira os nomes de autores internacionais confirmados que estarão nas mesas do Programa Principal da 19ª Flip:

O botânico italiano Stefano Mancuso fundou em 2005 o International Laboratory of Plant Neurobiology (LINV), um laboratório de neurobiologia vegetal dedicado a explorar os modos de comunicação que as plantas estabelecem em todos seus níveis de organização. Em 2012, como resultado da sua participação no projeto Plantoid, apresentou um robô capaz de agir como uma planta. Dois anos depois, em consequência de sua invenção, o botânico abriu uma start-up dedicada à biomimética vegetal, ramo que envolve artefatos tecnológicos imitando determinadas capacidades das plantas. Por essas contribuições à ciência, Mancuso sustenta a responsabilidade de ser o fundador da neurobiologia vegetal. Essa percepção inovadora do mundo, da relação entre seres humanos e plantas, recebe contornos literários em obras como A planta do mundo e Revolução das plantas.

Vem da Itália também o filósofo Emanuele Coccia, que assim como Mancuso expressa a relação intrínseca entre o eixo temático da 19ª Flip e o grupo de autores convidados. Até os 19 anos de idade, Coccia frequentou o Instituto Técnico

Agrário Garibaldi, em Macerata, e desses anos vem o interesse em dirigir seu olhar às plantas. É professor titular de filosofia na École des hautes études en sciences sociales (EHESS), em Paris. Em suas obras, como A Vida das Plantas e Metamorfoses, Coccia estabelece proposições de ampliação da percepção da vida, de seus sistemas e do mundo.

Além deles, a escritora angolana Djaimilia Pereira de Almeida participará da Festa. Ela é autora de Esse Cabelo; Luanda, Lisboa, Paraíso (vencedor do Prêmio Oceanos 2019; A visão das Plantas (segundo lugar no Prêmio Oceanos 2020), entre outros títulos. Djaimilia é doutora em Teoria da Literatura pela Universidade de Lisboa e escreve mensalmente na revista brasileira Quatro cinco um.

A premiada escritora Elif Shafak também vem à Flip. De ascendência britânica e turca, Elif publicou 19 livros, sendo 12 romances. O livro 10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, sua obra mais recente, foi finalista do Booker Prize e está disponível em português. Shafak é doutora em ciência política e lecionou em diversas universidades na Turquia, Estados Unidos e Reino Unido, incluindo o St Anne's College e a Oxford University. Elif é membro e atual vice-presidente da Royal Society of Literature. Além disso, é militante em favor dos direitos das mulheres, populações LGBTQ+, e da liberdade de expressão.

O escritor chileno Alejandro Zambra foi o primeiro nome do programa principal a ser confirmado, há duas semanas. Após nove anos de sua primeira vinda à Flip, Zambra retorna à Festa. Se em 2010 ele foi referido como uma das vozes mais promissoras em língua espanhola, segundo a publicação britânica Granta, hoje ele é um autor traduzido para vinte idiomas e seus textos foram publicados em prestigiados espaços literários, como The New Yorker e The Paris Review.

Ciclo de Homenagem

A Flip realiza na próxima semana, de 25 a 29 de outubro, em parceria com o Centro de Pesquisa e Formação do SESC São Paulo, o Ciclo de Homenagem 2021. Se tradicionalmente a Festa homenageia um importante nome da literatura, a 19ª edição propõe uma inovação: serão homenageados em especial pensadores e mestres indígenas que tiveram suas vidas interrompidas pela Covid-19. O princípio norteador desta edição da Flip é a relação entre literatura e plantas. Como nas florestas, em que diferentes espécies vegetais colaboram e se comunicam por redes subterrâneas, os saberes indígenas circulam e mantêm vivas culturas para as quais não há uma separação definitiva entre o humano e o não humano. São formas de conhecimento que não podem se perder. As mesas acontecem sempre das 19h às 20h30.

O Ciclo de Homenagem terá cinco mesas de debates e conversas, uma por dia, com a presença de nomes como Carlos Papá, Sueli Maxakali, Denilson Baniwa e Jaider Esbell. Também estão confirmados Anna Dantes e João Paulo Lima Barreto, integrantes do Coletivo Curatorial da Flip.

Sobre a 19ª Flip

A 19ª Flip – Festa Literária Internacional de Paraty acontece em formato virtual entre os dias 27/11 e 05/12. Pela primeira vez, a Festa opta por trabalhar com um coletivo curatorial convidado, além de fazer uma homenagem coletiva. As duas escolhas vão ao encontro do conceito desta 19ª edição, que está expresso no texto “Nhe’éry, Plantas e Literatura” – na íntegra no site da Flip. Nhe'éry (pronuncia-se nheeri) quer dizer “onde as almas se banham” e é como o povo Guarani chama a Mata Atlântica, por meio de uma denominação que revela toda a pluriversalidade da floresta.

“Este ano a Flip volta seu olhar para a necessidade de se rever a dissociação entre humanidade e natureza. É um conceito que busca refletir sobre as questões mais urgentes do contemporâneo, sem ser um delineamento temático rígido. A intenção é se nutrir das florestas, que são sistemas abertos, colaborativos”, diz Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip. “Por isso, e em um momento de incertezas mundiais, todas as opções feitas para a Festa têm um caráter laboratorial, buscando retratar outras perspectivas e narrativas que olham para a literatura e para a produção cultural em seus múltiplos formatos”, explica.

Coletivo Curatorial

Inspirada pelas florestas e sua diversidade, a Flip trabalha pela primeira vez com um coletivo curatorial, uma verdadeira “floresta curatorial”.

Hermano Vianna, antropólogo de formação, e misturador geral de informações, coordena o trabalho deste coletivo curatorial, integrado por Anna Dantes, colaboradora da Escola Viva Huni Kuin há mais de dez anos e uma das fundadoras do Selvagem – Ciclo de estudos sobre a vida; Evando Nascimento, escritor e filósofo, pioneiro na reflexão sobre literatura e plantas no Brasil; João Paulo Lima Barreto, Tukano do Alto Rio Negro, doutor em antropologia social pela Universidade Federal do Amazonas e fundador do Centro de Medicina Indígena em Manaus; e Pedro Meira Monteiro, professor da Princeton University e um dos organizadores da oficina Poéticas Amazônicas, no Brazil LAB da Universidade.

A direção da Flip estima uma queda significativa de receita, e por isso ainda está sendo realizado o trabalho de busca de apoios e interlocuções com a comunidade local. Apesar de ser uma edição virtual, estão sendo realizados todos os esforços para que a festa traga as características de sempre, que é ser parte da força genuína do território em que está localizada.

19ª Festa Literária Internacional de Paraty
Edição Virtual
Programa educativo: de 22 a 27 de novembro
Programa principal: De 27 de novembro a 5 de dezembro
Programação completa, locais virtuais e horários: em breve!

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