A poesia de Bruno Ramalho
Bruno Ramalho de Carvalho (Rio de Janeiro, 1978) escreveu A penúltima coisa que se faz (edição do autor, 1999); Do amor deveras e das quimeras (e-book, Emooby, 2011); e livra-me, poesia (Scortecci, 2019). Participou de diversas antologias e tem poemas publicados nas revistas literárias Toró, Mirada, Cult, Gueto, Mallarmargens, Sucuru e Ruído Manifesto. É um trompetista amador, curioso por filosofia e médico em Brasília, Distrito Federal, onde atua na área da reprodução assistida.
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da vida,
o refrão é o ontem.
os dias
não poupam ninguém.
importa o que tenho: o esmo da hora,
o quanto de mim
que o tempo não tem.
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se a poesia só existe
quando alguém a lê,
quem é, de fato, o poeta:
eu ou você?
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quero escrever o verso
que ainda não
me passou pela cabeça.
o lugar da poesia é esse,
onde ela sobra
antes que aconteça.
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o que seria
do tudo sem o nada,
se este foi aquele na partida
e aquele será este na chegada?
*
ao ódio sustenido,
contraponho amores bemóis.
*
o sorriso
é um idioma
sem pátria.
*
viver é
herdar os mortos.
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