A sombra do elefante, de Nadine Robert e Valerio Vidali
Enquanto mãe que quer quebrar o ciclo de repressão de sentimentos na forma como eu fui criada, sei que às vezes tudo o que uma criança precisa é um abraço e um colo pra chorar tudo o que tiver de chorar, se recompor e seguir com a vida.
Talvez por saber e praticar isso foi que o livro A Sombra do Elefante me tocou tanto. Na verdade, nem só por isso. Enquanto adulta também quero ser tratada da mesma forma que tento tratar minha filha.
Então, quando li sobre o elefante que está jururu e não esboça nenhuma reação diante das variadas tentativas de seus amigos de o alegrarem, me encantei com a forma como a narrativa traz a questão da empatia e do significado de ombro amigo.
Somente quando uma ratinha se aproxima e pergunta se pode ficar ali, só compartilhando do silêncio com o grande elefante, e depois compartilha primeiro sua história, é que o elefante demonstra alguma reação e acaba caindo aos prantos junto com a nova companheira.
De um suspiro nasce um soluço, que se transforma em choro baixo, que se transforma em uma cascata de lágrimas que ele acredita que nunca vai parar. Aproveitando a companhia no choro, a ratinha também põe pra fora sua angústia em forma de lágrimas; no fim, a gente até suspira junto, sentindo o alívio dos dois.
Acompanhando a história sensível narrada lindamente, as ilustrações são show a parte. Vários tons de azul se unem pra dar vida ao elefante; e a sombra onde ele se esconde, enquanto os amigos que contam piada, dançam e trazem comida estão sempre na claridade e coloridos. O acabamento em soft touch é quase um convite a acariciar e acalentar o elefante cabisbaixo na capa.
Sem dúvidas A Sombra do Elefante é um daqueles livros que a gente classifica como para crianças de 0 a 100 anos.
A Sombra do Elefante, de Nadine Robert, ilustrado por Valerio Vidali, traduzido por Fabrício Valério, publicado pela VR Editora.