A poesia de André Ricardo Aguiar
André Ricardo Aguiar, nascido em Itabaiana-PB, residente em João Pessoa, tem publicado diversos livros entre poemas, contos e literatura infantil. Autor de A idade das chuvas e Fábulas portáteis (Patuá). Na literatura infantil publicou O rato que roeu o rei (Rocco) e Chá de sumiço e outros poemas assombrados (Autêntica), ambos selecionados pelos PNBEs para as bibliotecas estaduais Brasil afora. Participa do Clube do conto da Paraíba.
ALUGUEL
Vivo numa casa chamada
corpo, que não quitei
e que perambula, serpente
de atalhos, daí meu endereço
quase em bote, nunca é o
mesmo: a casa em que
habito embora durmo ao
relento, pois quanto mais
me fecho, mais fora fico
de mim, a casa que a duras
penas sou eu, a casa de berço
e de cova, futura ruína
em que pergunto de mim,
à porta.
*
EXPERIÊNCIA
Tão minério o amor
tão funda a mina
que o funda.
Tão mineiro o amor
quieto, granada mansa
ao adormecer.
E saímos com os bolsos cheios
de perdas
preciosas.
*
CV
Observo
o currículo vitae
dos lugares que queria viver:
experiência com ventos
prática de arquivamento de estações
datilografia com chuva
capacidade de comunicação imediata
com o melhor de mim
mistérios, alguns, em pastas
acessíveis por ordem de chegada
cursos avançados de rios
simpósios e palestras com a alma
universal das estrelas
gostaria de empregar imediatamente
meu paraíso