30 de maio de 2016

As aventuras de Barão de Münchhausen

Quem nunca ouviu falar do Barão de Münchhausen e suas aventuras não deveria merecer ser considerado um leitor. Evidente que o que digo é um exagero, assim como os utilizados pelo barão mais conhecido do planeta.

Digo isso porque é impossível não conhecer a história  do Barão que, com seu cavalo Ajax, ao pular sobre um fosso de lama, vendo que não chegaria ao outro lado, conseguiu se safar puxando seu próprio cabelo para cima e segurando o cavalo com suas pernas, voltando à margem da qual tinha partido.

Isso, meus amigos, como diria o Barão, é a mais pura verdade.

As aventuras do Barão de Münchhausen chega a sua 9ª edição pela Global Editora, com ilustrações e tradução de Orígenes Lessa. O livro traz as aventuras contadas pelo próprio Barão para o seu séquito de amigos que param para ouvi-lo durante dezenove noites as suas inúmeras histórias.

 

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O Barão é um homem que lembra Dom Quixote, vive em seu mundo particular e que inventa as maiores disparidades que um homem comum já pode ter vivido, visto e ouvido. Mesmo assim, com olhares incrédulos, o Barão não se esquiva de contar da vez que matou um urso de fome segurando os seus braços abertos, ele mesmo, deixando o urso ali com a bocarra aberta, durante dias, até que a morte o levasse. Ou mesmo quando ele teve seu cavalo Ajax cortado ao meio, mas tendo conseguido ainda uni-lo depois de uma batalha para que o bicho não vivesse o resto da vida assim, ao meio. Imaginem só vocês que ele jura por sua mãe que isso é a mais pura verdade.

É entre histórias assim que o Barão, sempre com uma taça de vinho à mão, vai contando suas aventuras. O leitor, sabendo que tudo é mentira, acaba por fazer parte do grupo de amigos do Barão que sentam-se ao seu redor para ouvi-lo. A contação de histórias, algo mais antigo do que todos nós, tem papel principal nessas narrativas e a oralidade marca todo o livro. Dessa maneira, há uma intimidade criada entre narrador e leitor que poucos livros conseguem realizar de maneira tão espontânea.

Diz-se, por aí, que o Barão de Münchhausen foi um militar e um grande proprietário de terras alemão, que teria servido no exército russo e participado da campanha contra os turcos. E, ao voltar de suas aventuras pessoas, ficaria conhecido como o maior mentiroso do mundo por exagerá-las e fantasia-las. Seu nome verdadeiro, se é que é verdade, seria Karil Friedrich  Hieronymous, e teria vivido entre 1720 e 1797.

Suas histórias só foram possíveis tornarem-se conhecidas porque um bibliotecário, de nome Rudolphe Raspe, haveria transportado para a literatura todas as histórias contadas pelo Barão. Graças a esse bibliotecário é possível passar algumas horas a rir sozinho ou na companhia de seu filho. O livro sobre as histórias do Barão de Münchhausen, a meu ver, parece ser para todas as idades sem perder o poder de fazer rir a todos que ficarem sabendo de sua vida.

As dezenove noite estão, quase sempre, entrelaçadas, pois os acontecimentos que se seguem, muitas vezes, fazem menção a outros que ocorreram antes, mas nada impede, também, que o leitor faça uma leitura fragmentária, se assim o desejar.

É notável falar sobre a tradução de Orígenes Lessa, pois ele domesticaliza a língua para que o leitor brasileiro possa compreender algumas das falas e brincadeiras que o próprio Barão realiza. Isso ocorre, acredito, sem deixar de perder muita coisa da narrativa original.

As ilustrações do livro dão uma ótima ideia de alguns momentos vividos pelo Barão, como da vez que fora tragada por um peixe gigante ou quando subira aos céus com vários balões ao redor da cintura para fugir de uma ilha onde seria devorado.

É nessas circunstâncias que o Barão de Münchhausen vai vivendo a vida e tornando-se foco de inúmeros estudos, até mesmo psicológicos.