Fragmentos V
Psiu! Deixa o menino em silêncio – sussurrava minha mãe, eu sonhando sobre o berço. Eu não saiba que meu silêncio, esse sem fim da infância, e muitos outros, iria dizer essas coisas sobre mim. A camisa branca. O joelho dobrado, o sacrário vazio. O céu cinzento sobre as nuvens, cinzas.
A noite escura e eu juro que não ouço. O som sai sem ser notado – meu quarto, um sossego só. O silêncio além do branco.
Acordei há pouco. No meio da tarde. Parece insuficiente aquela sensação de que o ponteiro só vai bater outro dia depois de acordar. O mundo inteiro dormindo e a gente acordar, pra noite ainda não nascer. O relógio do computador já marca amanhã, minhas memórias do dia não são mais as de ontem. Tomei uma cerveja para ver se o sono chega.
A cidade vazia – nem Nova Iorque, nem Carangola. Esse deserto cinza. As ruas sem os carros. O asfalto molhado. O céu cinzentado. Não vejo a vaca, nem o hipogrifo. A cidade vazia – e o solo de trompete ou contrabaixo.
Da minha janela vejo, entre prédios e canteiros, um carro passando. Não há Nada no domingo – um carro lento. Atravessa um cruzamento – cruza uma travessa – dobra a esqui