5 de dezembro de 2015

Sibilitz, de Leonardo Fróes

Lançamento do livro Sibilitz, de Leonardo Fróes Passados 34 anos da primeira publicação de Sibilitz, a Chão da Feira faz nova edição do livro de Leonardo Fróes. Híbrido de gêneros, os textos deste livro são poemas em verso e prosa e também narrativas curtas, experiências rigorosas e divertidas que explodem e implodem a sintaxe, os fluxos de entendimento, os ritmos e as convenções. Sibilitz é um livro tão corrosivo quanto construtivo, e esta nova edição conta com ilustrações de Ricardo Reis e prefácio de Reuben da Rocha.

Sibilitz_Capa

 

O lançamento acontecerá no SESC Palladium, no centro de Belo Horizonte, e fragmentos do livro serão lidos por Ana Martins Marques, Júlia de Carvalho Hansen, Renato Negrão, Reuben da Rocha e pelo próprio autor, Leonardo Fróes. Sobre as Edições Chão da Feira Inaugurada em dezembro de 2011, as Edições Chão da Feira têm como proposta a pesquisa e publicação de textos inéditos, traduzidos pela primeira vez ou mesmo já publicados, mas de rara circulação. “Não fazemos livros em fornadas, destinados a solidificar consensos e desaparecer assim que forem consumidos. Fazemos livros pensando no gesto de torná-los públicos, de destiná-los à partilha”, diz Maria Carolina Fenati, editora da Chão da Feira, uma das quatro jovens mulheres por trás do projeto.

 

SERVIÇO Lançamento do livro Sibilitz, de Leonardo Fróes
Quando: 8/12/15 terça-feira, a partir das 17 hrs.
As leituras acontecerão às 19:30 e os ingressos poderão ser retirados a partir das 19 hrs.
Onde: SESC Palladium Av. Augusto de Lima, 420, Centro Belo Horizonte
Entrada gratuita + informações: chaodafeira.com contato: chao@chaodafeira.com

[FRAGMENTO DO LIVRO]

Justificação de deus

o que eu chamo de deus é bem mais vasto
e às vezes muito menos complexo
que o que eu chamo de deus. Um dia
foi uma casa de marimbondos na chuva
que eu chamei assim no hospital
onde sentia o sofrimento dos outros
e a paciência casual dos insetos
que lutavam para construir contra a água.
Também chamei de deus a uma porta
e a uma árvore na qual entrei certa vez
para me recarregar de energia
depois de uma estrondosa derrota.
Deus é o meu grau máximo de compreensão relativa
no ponto de desespero total
em que uma flor se movimenta ou um cão
danado se aproxima solidário de mim.
E é ainda a palavra deus que atribuo
aos instintos mais belos, sob a chuva,
notando que no chão de passagem
já brotou e feneceu várias vezes o que eu chamo de alma
e é talvez a calma
na química dos meus desejos
de oferecer uma coisa.