Quando eu li Lygia Fagundes Telles
'Venha ver o pôr do sol'. Você aceitaria tal convite vindo de uma desconhecida? Bem que ver o pôr do sol nos remete a um passeio romântico, com os raios solares penetrando nossa pele e iluminando nosso ser, ah! O amor! Pensando assim fica difícil recusar. Foi desta maneira que idealizei como seria o encontro, um momento romântico, que só se concretizou por insistência de uma prima. O encontro em questão era com a escritora Lygia Fagundes Telles, de quem eu pouco havia ouvido falar, mas por e-mail minha prima insistia que eu devia ler o tal do conto, que tem esse título romantizado.
Semanas depois, procurei pelo conto no São Google e finalmente o li. A curta estória em tom de suspense, que narra o encontro dos ex-namorados, Raquel e Ricardo, em um cemitério, me deixou completamente perplexa. Os dois jovens andam por entre os túmulos e mantêm uma conversa mórbida e nostálgica, Ricardo comenta que deseja mostrar o jazigo de uma prima com quem ele tinha muita afinidade. O fim trágico de Raquel no conto reflete o ciúme do ex em aceitar o término do namoro e a troca que ela fizera de Ricardo por um homem mais rico.
Depois dessa leitura, não foi preciso que ninguém me dissesse mais nada. E, assim, realizei a leitura do livro de contos “Antes do Baile Verde” (Companhia das Letras), lançado originalmente em 1970. Depois li “Meus Contos Esquecidos” (Rocco), em seguida “A Noite Escura e Mais Eu” (Companhia) e “Passaporte Para a China” (Companhia das Letras), este último sendo um livro de crônicas. Deu pra perceber que não consegui parar, não é?
Como de costume, quando me deparo com um artista que gosto muito, costumo buscar tudo que a pessoa tenha produzido, acabando por fazer um projeto pessoal de leitura para ler as obras de Lygia na ordem em que foram publicadas, separando essa ordem por gêneros (coisa de gente doida!).
Ler Lygia Fagundes Telles me engrandeceu como ser humano, pois a partir das leituras, das vivências com seus personagens (completamente humanizados), foi impossível não tomar para mim o conhecimento impregnado em suas estórias. Telles escreve de maneira magistral, fazendo-se aniquilar quaisquer comentários sem fundamento sobre a maneira de uma escritora fazer literatura.
Minha ultima leitura de suas obras, foi seu primeiro romance, Ciranda de Pedra, e o que posso confirmar após o término de mais um livro dessa autora é que ela consegue modificar meu universo de maneira que acrescenta mais valor a minha vida. Eu ainda li pouca coisa da autora, mas o suficiente para querer habitar na literatura de Telles sem data de partida.
*Mikaelly Andrade escreve regularmente e tranca seus textos em uma pasta esquecida no pc. Ex-estudante de Pedagogia, é autora do projeto que divulga e incentiva a leitura de autoras nacionais, o #Leiamaismulheres. Atualmente peleja para finalizar seu primeiro livro.