Em novembro de 2014 participei do [Des]enquadradas, que – mesmo ainda na primeira edição – se tornou um dos principais eventos de quadrinhos e ilustrações do Ceará. Foram dois dias de mesas redondas, oficinas e trocas de experiências acerca da atuação feminina no mercado de ilustração e quadrinhos no Brasil.

No último dia do evento, tive a oportunidade de conhecer Contos rabiscados para corações maltrapilhos, o primeiro quadrinho de Luiza de Souza, ilustradora potiguar de apenas 21 anos, que recentemente lançou Marcela, mulher, melhore!, zine sobre auto-aceitação e feminismo.

Capa linda linda!

É quase impossível não se identificar com algum dos contos rabiscados por Luiza. Com um traço suave mas cheio de força, a autora ilustra dez episódios sobre corações em autocombustão, decepções amorosas, paixões que vêm e vão. Tudo isso, claro, repleto de referências musicais, porque não há história de (des)amor que não seja embalada por uma trilha sonora. As personagens presentes no Contos rabiscados para corações maltrapilhos são mulheres, protagonistas das histórias e de si mesmas. Não à toa, conta também com um prefácio escrito por Clara Averbuck, escritora, feminista e colaboradora do site Lugar de Mulher. O quadrinho foi publicado pela Tribo, editora independente potiguar que atua desde 2013. O roteiro e a arte são de responsabilidade de Luiza, possui 152 páginas e foi lançado ano passado.

Uma das páginas do quadrinho.

Com segurança, posso dizer que Contos rabiscados foi uma das melhores aquisições que fiz em 2014. Meu acervo de quadrinhos aumentou consideravelmente, principalmente por publicações produzidas por mulheres, o que não nos deixa esquecer que existe um número grande de ilustradoras, quadrinistas, roteiristas, coloristas etc. no Brasil (e eu ainda nem falei em escala mundial). Um número grande, mas ainda esmagado por um mercado editorial feito por e para homens.

Quadrinhos como os de Luiza nos levam acreditar que fazemos parte dos amores bregas e intensos rabiscados tão bem por ela. Talvez até seja verdade. Vai saber…