A poesia de Leandro Rafael Perez
de noite se contrai
penso no cu desértico
da última experiência
aquela que se faz no eco das colunas,
nenhum fruto, todos os registros.
*
uma perspectiva cavalo
próstata em manutenção
anos de antagonia à realidade,
20 a precisão
nunca me pareceu muita coisa
o carteado dos músculos
– Agora sou pidão.
*
um tique te impede
de agarrar o tronco
mesmo se houvesse firmeza
não daria a volta
ninguém dá,
não nesta.
Mas há o espetáculo do tique,
esta recusa
em ratificar limites.
*
Musicar teu olhar quando cheguei ontem
acrescer cheiro de groselha àquela ponte,
mas não agora com uma garrafa
ou numa canção, mas ali
na outra existência que é o momento:
O mundo é consútil
e as impressões, mundas.
*
Cada palavra a mais
é uma certa palavra a mais
e o silêncio encerra o erro dito
erudito afável e vago
em sinfonia cheia
vã vertigem de reta sã?
são ambas que preenchem o vão.
Leandro Rafael Perez nasceu em 1987 e mora na divisa com Diadema/SP. Tem a altura da Carmen Miranda com um chapéu-coco e é formado em português e linguística pela USP. Tem um livro em pdf solto na internet, Pálpebras Amarelas, 2008 e pela editora Patuá tem dois títulos: lança além do real só, poemas, 2011, e turnê a meio mastro, poemas e alguns desenhos, 2014. Um poema seu consta na terceira edição impressa da Modo de Usar & Co. e escreveu uma série inédita pra revista virtual Geni.