Por Nathan Matos
21 de setembro de 2014
3 poemas de Silas Façanha
por Silas Façanha
Ungido
Indico, se passo, não ando
Indico, se passo, não ando
Não cruzo o centro
Adaga, de folha caulosa
Sendo o que sendo
Não corta o vento
Adaga, de folha caulosa
Sendo o que sendo
Não corta o vento
Indico, se ouço, não noto
Se posso, não olho pra dentro
O fogo, da praga pintada
Qualquer comburente
Se posso, não olho pra dentro
O fogo, da praga pintada
Qualquer comburente
Não queima o momento
Indico, de pouco, eu ganho
Não aponto o firmamento
Recolho, fuligem em parte
Combustão frequente
Intacto sentimento
Ungido, vem do cheiro, o canto
Rindo os limites do pensamento
Escondo, o resto de sorte
Escondo, o resto de sorte
Presente do santo
Levanta-me que eu tento
Levanta-me que eu tento
*
De mão
Pétalas no ralo
Formigas no talo
Nenhum ouro pesa
O que me pesa às costas
Não vejo metal
A corcunda é que brilha
As ações crescem
As ações pesam
As vértebras inclinam
Estralam e partem
Nenhum ouro vale
O que me estrala às costas
Nenhum ouro compraria
O que levo no casco
Em lucidez não
Mas em desespero
Seria o movimento primeiro
Que eu faria
Pétalas no ralo
Formigas no talo
Atlas nas costas
*
Arestas
Odeio estas roupas
Tanta alça tanta gola
Tanto pano tanto bolso
Permaneço nu se não me vestem
Tanta alça tanta gola
Tanto pano tanto bolso
Permaneço nu se não me vestem
Se hesito
Despem-me
Se desisto
Queimam-os
Se calado fico
Enlatam-os
Se me pronuncio
Enlatam-me
Despem-me
Se desisto
Queimam-os
Se calado fico
Enlatam-os
Se me pronuncio
Enlatam-me