Autopsia, poema de Marco Freitas
Na margem das provas dos astros dos sem nome
Dos explosivos, do caos. Na margem, margem da vida.
Corpos salinos decantando ao sol,
Corpos, vários corpos, o que são corpos?
No dentro dos olhos daqueles que estão,
Daqueles que sabem, que gritam, daqueles que se
Rejuvenescem na dor do outro. Lá vem aquele senhor,
Antes pregado na cruz, justifiquem seus atos ao comando do general.
Ó príncipe da paz, por que não te vestes de branco e toma em teus
Braços todos os homens? Babuja-os com teus beijos santos
Lúbricos, dá-os a tua glória, rejubila-te.
E anjos, anjos de vidro, anjos inquebráveis
Rolando a montanha russa da vida, vida, vida
Pedindo a trégua que nunca vem.
Globaliza-te senhor dos porcos
Nessa nova onda de imperialismo democrático.
Dinheiro cor de carvão, cor de petróleo, cor de plástico,
Dinheiro que se come, dinheiro que come o homem, o homem
Que come o homem.
Fulano, sicrano, beltrano, não sabem de nada,
Mas falam com a propriedade de todo o mundo,
Não sabem de nada, agiotas, ignorantes,
Fulano só quer saber, saber de quê? De ver filme em shopping.
Na margem, limpeza na margem, na margem
Guerra de santos, na margem,
Morrem os que estão na margem, e os senhores,
Cristianizados, repousam suas bundas fodidas em suas cadeiras,
Seus paletós, empoleirando-os, e respiram os seus cigarros,
O seu uísque, e os beijos das putas, que são virgens,
Virgens Marias.