Pequena nota de leitura sobre: Arcanos Maiores e a Valsa Leve – Alessandra Bessa
Caro leitor, aqui tu encontraras poesias esparsas, fragmentadas, geradas em diversos momentos. É preciso que compreendas um pouco do mistério: os Arcanos Maiores, no tarô, constituem um conjunto esotérico que nos liga a um coletivo simbólico. Todos nós estamos imersos na inconsciência desses signos, assim afirmam os místicos. Mas em uma Valsa Leve, como uma música singela e terna, tudo se condensa, tudo é distraído e feito para existir como completo desnudamento, um fervoroso espanto que por sua vez canta todos os momentos de maneira consciente e inconsciente: a vida.
O livro não foi premeditado para intertextualizar com as cartas, mas após a feitura dos poemas, a autora percebeu que havia uma ligação de sua poética com a temática das cartas. Ao lermos o livro de Alessandra, notamos a rica pesquisa que a poeta fez com relação ao tarô, como também notados a habilidade poética, da mesma, ao retratar o contexto do misticismo em sua obra de estreia.
A segunda parte da obra intitula-se A Valsa Leve. Nessa seção percebemos influencia de poetas modernos, como Florbela Espanca, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. A temática desta seção é a vida, com suas angustias e vitórias. Em A Valsa Leve notamos uma sequência de poemas que trabalham com a metalinguagem: A literatura, Lago e Poetas. O livro finda com um convite:
E esse meu signo de libra que só sabe gostar de amor...
comunica ao meu ascendente em sagitário que me faz assim meio que intransigente e demente
um gostar de dizer sempre tudo ao mundo de verdade que quer somente a verdade
[ com o escorpião se avizinhando do meu sentir topa com a lua distraidamente em câncer] sou: só dor e saudade...
(dá-me então um pouco do teu signo e misturemos os nossos arcanos maiores também)
A confessionalidade dos poemas de Alessandra nos fazem um convite a confissão, dessas escritas em cartas e publicadas em jornais. Doar um pouco de si a leitura desta obra, faz-se necessário. Após a leitura, recomendo embaralhar os poemas-arcanos e reler a partir da ótica do instante.