Entrevista com Tiago Ferro | Ed. e-galaxia
Ultimamente, a e-galaxia conseguiu emplacar várias de suas publicações entre os mais vendidos nas plataformas digitais especializadas em e-books. O selo Formas Breves é o queridinho da editora, digamos assim. Com coordenação de Carlos Schroeder, o selo é formado, até agora, por nomes como Carrascoza, Sérgio Tavares, Bolívar Torres, Luiz Passos, Miguel Sanches Neto e outros. O Formas Breves traz toda semana, às segundas-feiras, um conto por apenas R$ 1,99, que pode ser comprados a qualquer instante para os insones leitores que buscam, muitas vezes, algo novo para a leitura.
Foi observando o rápido crescimento dessa editora, com menos de um ano de existência, que resolvi ter um diálogo com Tiago Ferro, o editor. Fiz a eles algumas perguntinhas básicas pra que a gente possa saber mais sobre o processo editorial da e-galaxia.
NM – Tiago, de onde surgiu a ideia da e-galaxia?
TF – Surgiu da vontade de proporcionar a autores a possibilidade de terem seus livros editados com a mesma qualidade que teriam nas grandes editoras. E ainda mais com uma eficiente distribuição. Tudo isso por custos baixos.
NM – Diante de inúmeras dificuldades para a criação de uma editora para livros impressos, uma editora eletrônica é a melhor opção?
TF – Trata-se de outro modelo de negócio. Se é uma opção melhor, não sei te dizer. Mas certamente é uma ótima opção
NM – Existe muita diferença entre as edições impressa e eletrônica?
TF – Os serviços editorias basicamente não mudam. Você ainda precisa de bons editores, revisores e designers. Na versão eletrônica você vai precisar também de um bom programador. Diferentemente do impresso, não há custos gráficos, de distribuição ou armazenagem. Nesse ponto, a diferença é sensível.
NM – Há quem afirme que o brasileiro não lê. Você concorda? A e-galaxia acredita que a publicação digital é o meio mais rápido para se chegar até o leitor?
TF – É o meio mais rápido e eficiente. Se compararmos a média de leitura do brasileiro com a de alguns países europeus ou mesmo com os Estados Unidos, perdemos feio. Mas somos um país de dimensões continentais que vem mudando rapidamente em vários aspectos. Não é a toa que grandes grupos editoriais estão chegando com força por aqui.
NM – São muitas as editoras que surgem e tem vida breve. Você acredita que o livro digital é a melhor forma de democratizar a distribuição do livro no país?
TF – O que eu acho é que resolve todos os gargalos de distribuição em um país que é um continente e tem poucas livrarias e bibliotecas. Também podem custar menos pois vários custos de produção são eliminados.
NM – A e-galáxia possui alguns selos muito interessantes, como a Formas Breves, que como está no site é feito “com traduções diretas e exclusivas de grandes clássicos do conto universal ou com narrativas da nova geração de escritores em língua portuguesa”. Como está sendo a recepção do público?
TF – Está sendo excelente! Não só de público mas de boa parte da mídia e das lojas. Sempre acreditamos nesse projeto, mas posso confessar que tudo aconteceu muito mais rápido do que esperávamos.
NM – Como você percebe o futuro do livro impresso?
TF – Tenho formação em história, portanto tenho dificuldades em prever o futuro...rs...
NM – Quais as maiores dificuldades que vocês têm encontrado?
TF – Não se trata de uma dificuldade, mas o mercado para livros digitais ainda é pequeno em relação ao impresso. Mas vem crescendo tão rapidamente, que não dá para falar em dificuldades.
NM – Qual a importância da literatura na sua vida? Ela contribuiu ou o prejudicou de alguma forma, em algum momento?
TF – Só me prejudicou quando li livros ruins...rs... mas nunca tive problema em largá-los pelo caminho.
NM – São muitos os autores que se acreditam em posição de publicar, pois acham que seu livro já está praticamente pronto. Os novos autores são um dos nichos de mercados mais fortes para a publicação eletrônica?
TF – A e-galáxia trabalha com o modelo de publicação independente. Fornecemos os meios para que mais livros sejam bem editados e publicados. No nosso modelo, quem deve julgar a qualidade literária do livro é o leitor. Nunca um intermediário.
NM – Se eu pedisse pra indicar um autor e um livro que mudaram sua vida, conseguiria apontar?
TF – Mimesis, de Eric Auerbach abriu meus olhos para a relação complexa entre ficção e realidade histórica. E mostrou que, seja um ensaio, um tratado ou qualquer outro gênero, a qualidade literária é o que conta. Sempre.