A poesia de Israel Antonini
A gente perde o time.
Perde o feeling das coisas.
Evita.
Perde a oportunidade de ser cobertor.
E se descobrir, talvez.
A gente perde os sinais.
Vacila.
- A gente não age -
Aí, a gente sente.
E a gente se arrepende.
Porque a gente teima
no medo de se sentir invadido
se esquece de se sentir habitado.
Então a gente vai embora
e depois, a gente lamenta
no quarto,
em casa,
quando já não há mais ninguém para ver aquela lágrima.
Muito menos olhar nos seus olhos.
A gente sou eu.
É você.
E isso não é um poema.
(Do livro Longi-tudo, inédito, publicado na antologia “É que os Hussardos chegam hoje”, ed. Patuá, 2014)
[Vol.ver]
Quando me pego pelas mãos
a sair sem rumo
e a cada passo, passar um futuro,
um volume qualquer me atinge as costas
e abre,
objetivamente,
um furo.
Suponho um tiro,
um ataque político
ou uma flecha indígena, ao acaso;
Penso em uma guerrilha urbana,
na violência do amor
ou em qualquer outro objeto pontiagudo.
Viro meu olhar,
a procurar a origem do disparo.
Não vejo um inimigo outro:
Desta vez, me deparo
com um exército,
formado
pelas armas
dos meus próprios rastros.
(Do livro Colírio, ed. Patuá, 2011)
*Israel Antonini é natural de Osasco, São Paulo. Graduou-se em Letras pela USP, época em que foi coeditor da Revista Áporo e organizador do III festival literário daquela faculdade. Publicou em 2006 o livro identidad&plural (independente) e, pela Editora Patuá, o livro Colírio(2011). Teve poemas veiculados em sites, antologias e jornais literários. É contrabaixista na Euphúria, banda que lançou seu primeiro disco, homônimo, em 2012. Atualmente divide seu tempo entre o funcionalismo público, letras, imagens, música, amor e amizades.
Contato: ixra.a@hotmail.com