24 de junho de 2014

Deslumbre

 

Outro dia, estudando ciências com meu filho mais velho, tive um encontro fulminante com minha ignorância. Estudávamos, mais ele do que eu, sobre as teorias geocêntrica e heliocêntrica. Enquanto preenchíamos uma cruzadinha com os grandes cientistas envolvidos nas descobertas, falei para ele que o sol era o centro do universo. Ah, tola! Como assim?

– Mãe, o sol não é o centro do universo. Ele é o centro da nossa galáxia. O universo tem várias galáxias, várias outras estrelas como o sol.

E eu, do alto do meu salto ingênuo de adulta que sou, tive que ouvir uma explicação objetiva e simples que contrariava a verdade engessada na minha cabeça por meus professores. Oh, modelo pós-ditadura em que estudei, não te acendo mais incensos!

Coincidentemente, vasculhando pela rede social mais utilizada nesses dias de 2014, deparei com uma cena linda. Era apenas mais uma bela fotografia. Aliás, hoje em dia, nessa linda era em que vivemos, todos somos fotógrafos – ou algo parecido com isso. No entanto, aquela não era apenas mais uma fotografia, era um retrato. E, cumprindo sua função tão única, retratava algo que eu nunca tinha visto: um pôr do sol de um eclipse.

Admiro a matemática, sou fã da física e encantada com a maneira de como os astros se organizam, mas não consigo acreditar que tudo isso, todo esse universo com suas estrelas, seu sóis, suas luas, seus planetas e buracos negros, seja mera obra do caos que, em algum momento, decidiu se organizar.

Há ali, sustentando essa coisa sobrenatural, tão magnífica de se ver, ou melhor, de se contemplar, uma centelha divina que manuseia tudo isso. Somos os famosos grãos de areia da música da Legião, a gota d´água. Somos aquilo tão insignificante e ao mesmo tempo tão lindo, pois temos a honra de participar dessa obra.

Não fui eu a fotografar o ocaso do eclipse – isso até daria o nome de uma bela canção ou mesmo de uma banda. Teria mesmo ficado lá, naquela praia em que o momento foi flagrado e morrido lenta e alegremente apreciando a vista e agradecendo o fato de ter sido testemunha daquele espetáculo.

Filho, contemplemos juntos o universo!

 

 

por Emanoelli Farias