10 de abril de 2014

2 poemas de Priscila Rôde

Infiltração

denso
meu corpo sintetiza
o absurdo
avoluma-se

um filete de mundo
chora, irrompe
o centro das mãos
desalinha rio
parapeito, beco
encontro
estrada adentro:

aceno
pra desaguar a superfície.

À beira
nua, inconclusa e sem precedentes:

firo a pele, viro a pele e avanço
a tempo de não saber mais de mim
(exposta, velha desconhecida,
quase a mesma desconhecida)

vária, etérea, febril
avanço a tempo de cometer a vida —
esse ponto terminável, sensível
reduzido ao vazio de um eterno lançado
que à beira de, desistiu.