O dia em que o diabo soprou no meu cangote
- Leve isso para aquela senhora, por favor.
O garçom foi lá entregar o bilhete. Ficou gesticulando e apontando para mim. Eu sorri. Ela sorriu. Me aproximei.
- Tudo bem?
- Tudo. Criativo você.
- Tentei me esforçar. Você mora por aqui? - Perguntei.
- Moro aqui na rua de trás.
Eu já conhecia a dona. Ela era a viúva do velho Matias, o “Nariz”. Foi encontrado morto no quarto de um motel. Overdose de cocaína. O dinheiro ficou. E quem o guardava estava se embebedando comigo. Fomos para sua casa.
Enquanto ela tomava banho eu me servia com o Jack Daniel's do falecido. Depois de vinte minutos ela apareceu com uma espingarda nas mãos apontada para mim.
- Calma aí, baby. - Disse eu.
- Acha que eu não sei quem você é? Aquela puta que matou meu marido no motel é sua namoradinha.
Ela engatilhou a porra de cano duplo. Senti o diabo soprando no meu cangote. Terminei o meu Jack e fechei os olhos.