“Por que não compramos livros de poetas brasileiros?”
Foi com essa pergunta, meio fajuta e sincera – que um amigo, dentro de uma livraria, me fez – que fiquei pensando com determinada (in)certeza. Não o respondi ainda e talvez essa crônica seja uma tentativa para tal. Uma tentativa, veja bem.
No mesmo instante em que se calou, eu pensei que isso não era verdade. Compramos poesia de brasileiros, tanto que no último ano tivemos um Leminski batendo recordes e tirando do topo da lista dos mais vendidos títulos que há quase 50 semanas estavam imbatíveis.
Porém, antes que a resposta fosse dada, entregue assim de bandeja, achando que iria me sair muito bem em respondê-lo, pensei direito e entendi que não era a esses poetas brasileiros que meu amigo se referia. Perguntava ele porque não compramos livros de poetas brasileiros, mas estava a colocar na estante o livro de uma moça que apareceu faz pouco tempo e que já foi finalista de um desses prêmios literários. Aos poucos, pude entender que a pergunta era mais complexa do que aparentava e me questiono, até agora, se realmente compramos ou não compramos livros de poetas brasileiros.
Os poetas brasileiros são lidos e comprados, mas o que meu amigo, acredito, estava a se perguntar era quanto aos novos poetas, aos que estão estreando, se não merecem a mesma atenção que os nossos grandes nomes.
Os novos autores se expõem cada vez mais nas redes sociais, muitas vezes buscando algum leitor que o possa apreciar. Tentam, a todo custo, entrar no cenário literário nacional participando de festas literárias e inventando novas “esquisitices literárias”. Ainda há as editoras independentes que apostam nesses desconhecidos e que pretendem dar folhas brancas à imaginação dos que querem um espaço nas prateleiras não só das livrarias, mas principalmente dos leitores.
Na realidade, compramos livros de poeta brasileiros, sejam eles conhecidos ou não, porém a fatia do bolo a que cabe aos novos autores é mínima, ainda, e isso ainda vai perdurar por algum tempo, pois, apesar do brasileiro estar lendo mais (acredito nisso), a poesia ainda é algo que não satisfaz. É algo bonito, que não se entende e que, portanto, talvez, não valha a pena ser comprada e lida. Isso é o que pensa, pensou eu, a maioria dos leitores brasileiros. Mas posso estar errado, tomara que eu esteja.
Porque a poesia não é um, digamos, produto rentável, ao contrário das biografias ou romances e dos livros de autoajuda, mas sim, ela consegue ser vendida, ainda conseguimos tirar parcos exemplares das estantes, seja em sebos ou não. Quanto à pergunta do meu amigo, talvez ele queria apenas me fazer perceber que até nós, que lemos bastante poesia, costumeiramente, seja brasileira ou não, temos que nos dar mais chances de conhecer coisas novas, textos novos. Afinal, nem só de pão vive o homem.