Poderíamos ser como Bonnie & Clyde
Entrei no carro e apareceu essa mulher com uma beleza desconcertante. Puxou a arma e anunciou o assalto. Eu acabara de me apaixonar. Levaria um tiro dela e morreria com seus suculentos lábios de Scarlett Johansson estampados em minha retina.
– Quer uma carona? – perguntei.
Ela engatilhou. Olhei no fundo daqueles olhos gigantes e decidi que faria o que ela quisesse. Desde que eu fosse levado de refém. Ou poderíamos ser como Bonnie & Clyde.
– Eu te levo. Entra aí.
Ela tentou não demonstrar, mas ficou sem jeito. Era uma novata. Enfim entrou e vi seu vestido subir em câmera lenta ao sentar no banco do carona.
– Dirija até a Constantino Alberto Ribeiro e não me olha!
Eu não era nenhum especialista em foras da lei, mas percebi que ela agia por conta própria. Só não sabia a razão. Talvez quando a gente se casasse ela me contasse. Um dia.
Como assim não olhar, pensei. Eu queria fazer sexo com ela com a arma apontada para minha cabeça se fosse necessário. Precisava revelar meu amor por ela.
– Eu te amo.
Silêncio.
– Dirija isso.
Sim, ela estava ficando balançada. Não entendo os assaltantes, mas entendo as mulheres. E ela não fugiria de mim.
– Tu conhece Bonnie & Clyde?
Por Eduardo Stelmack
*Eduardo Stelmack é gaúcho de Porto Alegre, acadêmico de Comunicação Social e autor do blog de minicontos TodoConto Conta Tudo, além de admirador das banalidades que constroem o cotidiano.