7 de janeiro de 2014

Poderíamos ser como Bonnie & Clyde

 

Entrei no carro e apareceu essa mulher com uma beleza desconcertante. Puxou a arma e anunciou o assalto. Eu acabara de me apaixonar. Levaria um tiro dela e morreria com seus suculentos lábios de Scarlett Johansson estampados em minha retina.

– Quer uma carona? – perguntei.

Ela engatilhou. Olhei no fundo daqueles olhos gigantes e decidi que faria o que ela quisesse. Desde que eu fosse levado de refém. Ou poderíamos ser como Bonnie & Clyde.

– Eu te levo. Entra aí.

Ela tentou não demonstrar, mas ficou sem jeito. Era uma novata. Enfim entrou e vi seu vestido subir em câmera lenta ao sentar no banco do carona.

– Dirija até a Constantino Alberto Ribeiro e não me olha!

Eu não era nenhum especialista em foras da lei, mas percebi que ela agia por conta própria. Só não sabia a razão. Talvez quando a gente se casasse ela me contasse. Um dia.

Como assim não olhar, pensei. Eu queria fazer sexo com ela com a arma apontada para minha cabeça se fosse necessário. Precisava revelar meu amor por ela.

– Eu te amo.

Silêncio.

– Dirija isso.

Sim, ela estava ficando balançada. Não entendo os assaltantes, mas entendo as mulheres. E ela não fugiria de mim.

– Tu conhece Bonnie & Clyde?

Por Eduardo Stelmack

 

*Eduardo Stelmack é gaúcho de Porto Alegre, acadêmico de Comunicação Social e autor do blog de minicontos TodoConto Conta Tudo, além de admirador das banalidades que constroem o cotidiano.